sexta-feira, 7 de abril de 2017

Alfabetização antecipada é criticada por impacto no ensino infantil



A antecipação da idade prevista para que as crianças brasileiras estejam plenamente alfabetizadas em todas as escolas brasileiras, anunciada junto com a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pelo Ministério da Educação nesta quinta-feira (6), levantou um debate sobre como o Brasil deve formar seus estudantes na primeira infância. Até a segunda versão da Base, a idade considerada "certa" para a alfabetização plena era por volta dos oito anos, durante o 3º ano do ensino fundamental. Na terceira versão, esse cronograma foi antecipado para os sete anos, quando as crianças estão matriculadas no 2º ano do fundamental.
A mudança vai exigir mudanças em pelo menos 146 mil escolas públicas, onde estudam 7,5 milhões de alunos de 6 a 8 anos, além das pré-escolas, para alunos de 4 e 5 anos. Veja os principais pontos sobre o assunto:
  • A tendência de antecipar a alfabetização começou nas escolas particulares depois de 2010, quando o ensino fundamental passou de oito para nove anos de duração, e o antigo "pré" se tornou o 1º ano do fundamental;
  • Desde 2013, as escolas públicas brasileiras seguem o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), uma iniciativa para estimular que as crianças estejam plenamente alfabetizadas aos 8 anos, no 3º do fundamental;
  • Mesmo assim, não é isso o que acontece na realidade: dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2014 mostram que um quinto dos alunos da rede pública chegou ao 4º ano do fundamental sem aprender a ler adequadamente;
  • Além disso, estudos indicam que o processo de alfabetização é longo e, para ser concluído aos sete anos, precisa começar com as crianças mais novas, que ainda não estão preparadas para isso;
  • Está em jogo, segundo especialistas, o embate entre usar os anos do ensino infantil para atividades lúdicas que estimulam os pequenos a reconhecerem sua identidade e se interessarem em aprender sobre o mundo, ou para estimular o aprendizado conteudista, visto por muitos adultos como sinônimo de sucesso profissional.

Questão de equidade

Em entrevista exclusiva ao G1, na tarde de quinta-feira (6), a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Casto, justificou a decisão citando que isso já acontece nas escolas particulares, e afirmando que se trata de uma questão de equidade e de uma tendência mundial. "Não faz sentido esperarmos até o terceiro ano, quando a criança conclui com oito, às vezes com nove anos de idade, para que ela esteja plenamente alfabetizada. Ou seja, se as crianças da classe média, que frequentam escolas particulares, ou a criança que está em uma escola pública muito boa (...), nós precisamos fazer que isso aconteça em todas as escolas", afirmou ela (assista mais no vídeo abaixo, e confira aqui a entrevista na íntegra):http://bit.ly/2nPD2NM

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