sábado, 15 de abril de 2017

Delações Odebrecht: PSDB recebeu R$ 28,7 milhões em propina por acordo da Rodovia Carvalho Pinto, diz delator

Empreiteira pagou quantia para fechar acordo e encerrar disputa judicial com o Governo de SP, segundo ex-diretor. Partido nega irregularidades.



 
O ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal afirmou, durante seu depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), que a empreiteira pagou R$ 28,7 milhões em propina ao PSDB para garantir um acordo judicial referente à Rodovia Carvalho Pinto, em São Paulo.
Segundo o delator, a Odebrecht realizou uma obra na via no fim da década de 90, mas “não viu ressarcido todos os seus direitos”. O tempo passou e, para não ficar a ver navios, a empreiteira entrou na Justiça contra o Estado em 2001, cobrando a atualização dos valores e o recebimento do dinheiro.
O processo se arrastou por oito anos, até que, em 2009, para encerrar a disputa, empreiteira e governo estadual fecharam um acordo milionário: R$ 191,590 milhões a serem pagos em 23 parcelas. De acordo com Paschoal, a agilização do acerto, no entanto, também teve seu preço. E esse não foi publicado em nenhum Diário Oficial.
O governador de São Paulo à época era o tucano José Serra e o ex-executivo contou à Justiça que, para fechar o acordo, foi ”combinado um pagamento para o PSDB de 15% do valor de cada parcela que fosse ser recebida”. Segundo Paschoal, a Odebrecht preferiu pagar a propina do que correr o risco de ver o processo se arrastar por mais anos.
R$ 28,738 milhões. Conforme o delator, era este, portanto, o saldo credor do PSDB com a empresa. A quantia teria sido quitada ao logo de diversos repasses feitos ao longo de 2009 e 2010. “A gente parcelava. Havia uma orientação, talvez por questão de segurança, para não enviar mais de 500 mil reais em cada pagamento, então ia sendo fatiado”, disse.









 
Ainda de acordo com Paschoal, parte dos pagamentos foi feito no Brasil e intermediado pelo então tesoureiro do PSDB, Márcio Fortes, que acumulava a função com a presidência da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano do Estado (Emplasa). O delator diz que o dinheiro tinha um destino certo: a campanha de José Serra à presidência da República.
“Na época, o Pedro Novis [ex-presidente da Odebrecht] me relatou que era para o PSDB fortalecer a candidatura do Serra”, afirmou.

Outra citação

José Serra também é relacionado ao suposto esquema de propina envolvendo a Rodovia Carvalho Pinto na delação de outro ex-executivo da Odebrecht: Luiz Soares. No depoimento dele, o tucano é citado como o beneficiário dos repasses feitos pela empreiteira no exterior. O delator apresentou uma planilha da empresa como prova.
O documento indica nove parcelas referentes à Carvalho Pinto e relaciona os pagamentos ao codinome “Vizinho”, o apelido de José Serra nas listas da Odebrecht em referência ao fato de ele morar próximo ao ex-presidente da empreiteira Pedro Novis. A planilha aponta um pagamento de R$ 6,250 milhões a Serra no exterior. Neste caso, os pagamento teriam sido intermediados pelo ex-deputado federal Ronaldo César Coelho (PSDB).

Outro lado

Em nota, José Serra diz que não cometeu nenhuma irregularidade e que suas campanhas foram conduzidas pelo partido dentro da lei. O PSDB, por sua vez, afirma que os membros do partido citados nas delações, como Márcio Fontes, terão a oportunidade de se defender e de comprovar que sempre agiram de forma correta e em consonância com a lei.
Já Ronaldo César Coelho alega que é "absolutamente mentira" o que foi dito durante a delação premiada. Ele alega que a conta citada no exterior era para que fosse ressarcido pelo PSDB pelos gastos que teve com a manutenção de um avião.

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